segunda-feira, 25 de maio de 2009




Minha vó.



Mulher guerreira, vencedora, desde os tempos da maruja, das brincadeiras de “Boi de Reis”. Mãe excepcional criou seus filhos à base de amor e sacrifício, esposa exemplar daquelas que põe a família acima de tudo. Uma personalidade de enlouquecer qualquer um ao seu redor, uma avó diferente das vovós dos contos infantis, nada de cabelos brancos e vestidos quadriculados. Eu me orgulhava da minha vó que mais se parecia com a Emília de que com a Dona Benta, Sempre arrumada com suas blusas baby look, suas saias rodadas e estampadas, seus lábios vermelhos como dois cravos encarnados. Mais não se sabe por que, talvez nunca venhamos, a saber, pois a vida nós temos, mas nosso viver só a Deus pertence. Minha linda vovó, minha doce Querubina, iniciava uma jornada e cumpria sua sina. Toda sua vida, lembranças, momentos, história, apagando se de sua memória, toda sua independência sendo tirada de seus punhos lentamente. Seus sentidos dilacerados pelo tempo, a única coisa que não lhe foi tirada foi o amor que plantou ao longo de sua vida, amor aos filhos, aos netos, o amor que foi cultivado e está sendo colhido neste momento. Como pode alguém se esquecer de si próprio de seus gostos, suas vontades, suas vergonhas, seus desgostos, isso parece algo irreal. Hoje não acho que a morte seja tão assustadora, mais assustador é o esquecimento! O esquecimento dos outros, o esquecimento de si próprio.


( Anderson Neves)

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