terça-feira, 24 de novembro de 2009

Um conto de violência

Por: Anderson Neves
Houve um tempo, em que as crianças brincavam, enquanto os adultos estavam trabalhando e os idosos, que já tinham brincado e trabalhado durante toda vida, descansavam em suas casas. Tempo esse, difícil de lembrar. Parece até conto de fadas “há muito e muito tempo... em um reino tão, tão distante...”.

Bom, já ouviram falar de violência? Claro que sim. Mas, o que é violência? Como ela se caracteriza? O que ela realmente significa?

Agressões físicas, assassinatos, estupros, agressões psicológicas, assédio moral, bulling. Sim, isso tudo é violência. Entretanto, existem várias nuances que também se caracterizam como tal. Diariamente recebemos enumeras mensagens, que agridem nossa percepção, imagens, sons, explícitos ou subliminares, mensagens essas, direcionadas principalmente as crianças e adolescentes já que eles são mais suscetíveis a percebê-las. Esses jovens que, a cada dia, perdem o direito de exercer sua jovialidade, perdem algo bastante valioso. O direito de viver a plenitude de sua idade. Fato esse que, por si só, pode ser identificado como violência.

Não a mesma violência que podemos visualizar nas telas de nossas televisões, em uma programação sensacionalista, direcionada para uma massa, que cada vez mais se torna heterogenia. Programas esses que nos bombardeiam com demonstrações bárbaras de uma violência evidente. Embora, a todo custo, nos prive de um conhecimento mais elaborado sobre o que realmente está nos ferindo. Não falo daquilo que deixa marcas visíveis no corpo, e sim, do que fere nossa alma e corrompe nossa mente.

Hoje, o mundo só existe para uma fase da vida. A que você tem o poder de decidir e o vigor físico para realizar essas decisões. Não existe lugar para crianças ou idosos. Enquanto os pequenos têm de ultrapassar a barreira da idade, tomando assim decisões que não lhes caberia por algum tempo, os idosos tem de permanecerem, pelo maior tempo possível, em sua total vitalidade sem deixar assim sua produtividade sair de foco.

Essa violência silenciosa, sutil e refinada é imposta pelo próprio cotidiano, pelas escolas, brinquedos, revistas, simples e perigosos gestos, imagens, comportamentos e hábitos. Tudo passa meio despercebido e de forma subjetiva. Cria-se um dialeto da violência, que atinge principalmente os jovens. Por esse motivo, vemos com cada vez mais freqüência, atos violentos originados de adolescentes e que se dá na maior parte das vezes como resposta a toda essa gama de informações violentas, deturpadas e direcionadas.

Espero que um dia possamos fazer outra analogia aos contos de fadas e dizer: “E foram felizes para sempre...”

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